O GENESIS DE SEBASTIÃO SALGADO


Como escrevi no post da semana passada, a editora TASCHEN fez uma promoção internacional em dezenas dos seus livros em stock. Assim que soube, corri para o site com um único objectivo em mente: conseguir o máximo número de livros de fotografia pelo melhor preço possível.
Os livros de fotografia, para mim, são melhores investimentos do que os livros de arquitectura, pelo simples facto de a arquitectura não se conseguir resumir em livro. Normalmente, a informação reunida em livros - fotografias, desenhos e textos - nunca conseguem demonstrar a totalidade das obras, sendo que para as estudarmos e apreciarmos verdadeiramente, devemos percorrê-las, e experienciá-las. Os livros acabam por funcionar como um catálogo de referências, no entanto, se quisermos uma edição de qualidade, com boas imagens e documentação completa - que nem sempre os arquitectos ou donos da obra estão dispostos a fornecer - teremos que estar dispostos a pagar por isso.
Pelo contrário, os livros de fotografia, mesmo que se tratem de catálogos de exposições, com boa qualidade de impressão, acabam por funcionar como um melhor material de estudo, porque as imagens valem por si, têm a sua informação, a sua mensagem, e estão carregadas de emoções que são transmitidas ao observador de uma forma muito mais imediata do que uma fotografia de uma obra de arquitectura. Não quero com isto dizer que a fotografia é uma disciplina menos complexa do que a arquitectura, mas a forma como analisamos, comunicamos e estudamos estas duas artes é bastante diferente.


Mas voltemos ao tema deste post. Acedi à loja on-line, a pensar exactamente qual o título que queria encontrar: o GENESIS, do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.
Com grande pena minha, esse livro já estava completamente esgotado! Encomendei outros, do mesmo autor - nomeadamente o EXODUS e o CHILDREN, um sobre os grandes movimentos de migrações mundiais, e outro com retratos de crianças dos locais por onde Salgado passava nas suas viagens. Ambos os livros têm uma temática bastante forte, não deixando de ser obras belíssimas. Contudo, na minha opinião, em nada se comparam ao mais recente projecto GENESIS. 
Apesar de não ter conseguido agarrar este título, fui ainda a tempo de encomendar uma caixa de 16 prints, com peças retiradas desta obra prima, e são essas imagens que ilustram este post.



GENESIS é composto por registos fotográficos feitos em 13 países diferentes, e o projecto demorou 8 anos a concluir - o livro foi editado pela TASCHEN em 2013.
O conceito para a obra surgiu depois de Sebastião Salgado ter terminado o projecto EXODUS (2000), depois de contactar com vários movimentos de migração massiva, resultantes da fome, catástrofes naturais, ou pela guerra. O fotógrafo ficou bastante chocado com o que viu nessa última expedição, e quando regressa ao Brasil e vai ver o seu médico, este recomenda-lhe que se tente distanciar das suas memórias da morte, sofrimento e destruição.
Nessa altura, a esposa, Lélia, começa a interessar-se pelas questões ambientais e pela desflorestação da selva amazónica, e partem ambos numa nova expedição, com um novo projecto em mãos: o "renascer" e encontrar a vida depois de confrontar a morte.



GENESIS é claramente inspirado na vida que brota do Amazonas, das montanhas, dos desertos e dos oceanos, da diversidade animal e das tribos com que se cruzam, e que escaparam à "modernização da sociedade" - enfim, dos santuários na terra para a biodiversidade.  Salgado conta que "cerca de 46% do planeta ainda se encontra no mesmo estado de preservação que encontravamos na altura do Genesis. Devemos preservar o que ainda existe"
Desde que começou o projecto, Sebastião e Lélia fundaram o Instituto Terra, tendo já replantado mais de 2 milhões de árvores na floresta amazónica.
 

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